Por que está tão difícil contratar bons funcionários para supermercados?

Em grande parte dos países, a maior oferta de empregos privados está no varejo. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego publicados em 2019(antes da pandemia), dos 46 milhões de empregos formais registrados no Brasil em 2018, mais de nove milhões estavam no comércio, superando o serviço público. Tanto nos EUA como no Brasil os maiores empregadores privados são redes de supermercados e outros varejistas.

Apesar da maior oferta de empregos ser no varejo, essa não é área profissional mais cobiçada. Se você perguntar a qualquer mãe brasileira qual o emprego ela gostaria que seu filho tivesse, provavelmente nenhuma responderá algum cargo no varejo como: operador de caixa, balconista, repositor, estoquista etc.

JÁ HÁ ALGUMAS DÉCADAS O TRABALHO NO VAREJO TEM MÁ FAMA. OS PRINCIPAIS MOTIVOS SÃO:

– Normalmente pagamos o salário mínimo ou algo próximo a isso;

– De uma forma geral, a atividade operacional é bastante cansativa;

– Escalas inconvenientes: trabalham aos finais de semana e folgam durante a semana;

– Horários inconvenientes, chegando muito cedo ou saindo muito tarde;

– O varejo tem um histórico de péssima liderança;

– Por todas essas questões anteriores, criou-se um preconceito cultural. É comum ouvir coisas do tipo “Ih! não vai trabalhar em loja não. Isso é trabalho escravo” ou “Quem trabalha no comércio não tem vida”. O trabalho no varejo, infelizmente, está associado ao fracasso.

Mas mesmo nesse cenário ao longo de décadas, as pessoas trabalhavam no varejo pois sempre teve muito emprego e elas não tinham muitas outras opções.

O QUE MUDOU NOS ÚLTIMOS ANOS?

As pessoas já vinham insatisfeitas com o varejo há muito tempo e os bons funcionários, volta e meia iam embora para tentar carreira em outras áreas. No entanto, nos últimos anos, com a pandemia e avanço da tecnologia, outras oportunidades surgiram, principalmente para os bons profissionais, que tinham espírito empreendedor.

– Pessoas foram vender lanche, pizza, hamburguer, bolo e refeição nos aplicativos de entrega como Ifood;

– Jovens começaram a vender produtos importados da china ou através de dropshipping em Marketplaces como o Mercado Livre;

– Pessoas começaram a trabalhar com entregadores em aplicativos de entrega;

– Muitos migraram para dirigir em aplicativos de transporte como Uber e 99.

– Outros lançaram produtos digitais (cursos e e-books).

TODO ESSE MOVIMENTO GEROU UM GRANDE ESVAZIAMENTO DE CANDIDATOS PARA O VAREJO BRASILEIRO.

Enquanto isso nos EUA:

Em 2021 o varejo americano perdeu 650 mil funcionários só em abril. Esse evento foi conhecido como o maior êxodo dos últimos 20 anos no varejo americano. Os candidatos sumiram dos processos seletivos.

A Amazon chegou a oferecer mil dólares de bônus para quem fosse trabalhar lá, para tentar atrair candidatos. Outras empresas começaram a oferecer lanche, aumentaram o valor da hora de trabalho, pararam de fazer teste antidrogas no processo seletivo.

Após muitas contratações ruins, recentemente, algumas empresas americanas reconhecem que às vezes é melhor não contratar ninguém do que contratar qualquer um. O pessoal estava tão desesperado que começou a contratar gente muito complicada. Não tem acontecido a mesma coisa no Brasil?

Nós somos uma empresa de Recrutamento e Seleção especializada em Supermercados e fazemos de 50 a 100 entrevistas por semana. Temos visto diariamente que a maioria dos candidatos está COMPLETAMENTE despreparada para o mercado de trabalho.

Que tipo de candidatos temos encontrado nos processos seletivos?

Candidatos que durante a entrevista: ficam deitados na rede; falam palavrão; espremem cravos e espinhas; assistem televisão; atendem ligação; aparecem sem camisa ou camisa de time; fazem entrevista sentado na calçada da rua; comem; estão bêbados; falam mal dos empregos anteriores de maneira agressiva; demonstram muita imaturidade; demonstram falta de respeito ao ambiente de trabalho; não tem nenhum projeto de vida; acham o trabalho um fardo; têm visão sindicalista e inimiga do patrão; odeiam o varejo, mas não conseguem nada “melhor” etc.

O QUE FAZER DIANTE DESSE CENÁRIO:

Temos que tomar duas atitudes:

1- Cuidar melhor da nossa equipe para não perder os bons colaboradores: Avaliar insatisfações legítimas e resolver; Ter empatia nas necessidades do funcionário; Inserir benefícios de acordo com as possibilidades (Os melhores para o varejo são: Lanche no local, Almoço, Plano de saúde regional, Vale alimentação); Liderar com educação e dignidade (se tratar com grosseria, eles vão embora); Dar oportunidades de estudo e crescimento no varejo (cursos online).

2- Contratar MUITO melhor e de forma profissional: Parar de contratar o primeiro que passa; divulgar a vaga de um jeito que atraia os melhores candidatos que ainda estão disponíveis no mercado de trabalho; Divulgar a vaga no local certo para chegar até as pessoas certas; utilizar testes para filtrar os candidatos e eliminar antes de gastar tempo fazendo entrevista; Entrevistar de forma profissional, conhecendo a fundo o candidato antes de colocá-lo na sua loja; Acompanhar MUITO de perto o candidato durante o prazo de experiência. O problema tem solução, mas não dá mais para ser amador no RH de supermercados!

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