Quando chega a hora da demissão: Somos rápidos em contratar e demorados em demitir.

Por que resolvi falar sobre demissão? Recentemente, orientei três processos demissionais em um supermercado. Não foi por questão financeira, corte de custo ou falta de habilidade técnica. A motivação foi comportamental. Ou seja, os profissionais foram demitidos porque não respeitaram os valores das pessoas e da empresa. Dois deles com excelente caráter, mas dificuldade de relacionamento em alto grau. O terceiro, dos demitidos, tinha vantagens comerciais nas negociações.

Confesso que não sinto prazer em conduzir processo demissional. Sempre é difícil! Acredito que você também não goste de tomar essa atitude. Mas, existem situações que exigem essa tomada de decisão. Será que você está vivenciando isso agora?

Antes de começar o ‘mimimi’ e as proclamações de injustiça, informo que foram realizadas, todas as ações possíveis: treinamento, acompanhamento psicológico, mudança de setor, feedback de orientação.

Por que não deu certo? A empresa foi condescendente por muito tempo. O supermercado tinha medo de ficar sem eles, receio de não conseguir contratar outros e sentimento de lealdade, afinal eram os “funcionários mais antigos… estiveram presentes no pior momento da empresa”.

Esses profissionais, com muitos anos de casa, se achavam insubstituíveis, acima do bem e do mal. Isso afetou, enormemente a equipe, alta rotatividade e clima organizacional péssimo.

Depois das demissões a empresa começou a respirar ar novo: diminuição da rotatividade, menos conflitos entre as equipes e sossego no coração dos proprietários.

Os 6 principais motivos:

1. Cultura relacional: existem países que privilegiam a extrema capacidade técnica, em detrimento da questão pessoal. E, aqui no Brasil?

a) quantas vezes você já viu a contração de parente sem competência?

b) distanciamento de um profissional porque ele ‘não interage’.

c) chefe que privilegia a amizade. Leva colaboradores para churrasco na sua casa. Que não consegue ser firme porque mistura questões pessoais e profissionais.

2. Valor financeiro: demitir é caro!

3. Medo de processo trabalhista: quantos donos de supermercado perderam noites de sono pensando naquela ação que um colaborador moveu justa ou injustamente.

4. Processos de RH: rotatividade, dificuldade em contratar, falta de avaliação de experiência, ineficiência dos treinamentos.

5. Procrastinação: no título, deste artigo, apontei uma realidade: somos rápidos em contratar e demorados para demitir. Existe pressa para contratar e levar pessoal para área de trabalho. Em contrapartida, ficamos anos com um profissional que dá prejuízo financeiro e emocional.

6. Apego emocional: percebo que muitos empresários cultivam um sentimento de dívida: “Como vou demitir o Encarregado do Açougue? Ele está aqui desde o começo. No passado ele abria e fechava a loja. É honesto. No momento mais difícil esteve presente conosco. É quase da família. Onde vou encontrar um profissional tão bom tecnicamente? Ele tem alguns probleminhas: não fica ninguém na equipe, não aceita desaforo (jogou a carne moída na cara do cliente), traz problemas de casa para o trabalho, é instável. Outro dia ele largou tudo e foi embora porque estava de mau humor. Todo mês quer aumento de salário, fala para todos os clientes que ganha uma miséria (apesar do aumento recente).”

Na sua opinião: tem outros motivos que fazem a demissão ser demorada? Você vive isso na sua empresa?

A grande pergunta que não quer calar: quando é hora de demitir?

O momento ideal é antes de atingir o limite da boa convivência. Há casos que explode uma bomba: os ânimos ficam alterados e a demissão acontece de forma catastrófica. Para ajudar nessa decisão: vamos responder algumas questões:

1. Houve conversa sincera? Sincera mesmo: olhos nos olhos!!! Aqui não estou falando de meias palavras para evitar confronto. Você fez feedback de verdade?

2. Teve treinamento e acompanhamento?

3. Esse profissional pode assumir outra função ou outra loja?

4. A empresa forneceu tudo que era necessário em termos materiais e humanos?

5. Foi orientado a procurar ajuda externa de psicólogo ou similar? Há casos, com necessidade de medicação e orientação psiquiátrica.

6. O profissional não demonstrou caráter? Fez algo que lesou a empresa?

7. A convivência desse profissional é um caos. Isso gera: rotatividade, desmotivação, fofoca e insegurança. Em resumo: a energia do setor é pesada!

8. O comportamento do profissional ocasiona: prejuízo e diminuição das vendas.

Espero, sinceramente, que sua empresa consiga tomar a melhor decisão. Há situações que é necessário firmeza e atitude! Por vezes, uma pessoa é maravilhosa tecnicamente, mas seu comportamento afeta negativamente. Será que vale a pena o sofrimento de toda uma equipe por alguém que se recusa a mudar, mesmo com todas as oportunidades oferecidas?

Deixo uma reflexão:

Uma planta morreu porque dei a ela muita água.

Então, eu entendi que oferecer demais, mesmo que seja para fazer o bem, nem sempre é bom.

Gostou? Compartilhe:

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram